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Uma operação com cara de massacre

 Uma operação com cara de massacre
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Na manhã do dia 28 de outubro de 2025, as forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro desencadearam o que é descrito como a maior operação policial da história estadual no combate às facções criminosas — um aparato de cerca de 2.500 agentes, com helicópteros, veículos blindados, drones, abastecimento aéreo e terrestres, nas favelas do Complexo do Alemão e da Penha. EL PAÍS English+4The Washington Post+4MercoPress+4

O alvo declarado era a facção Comando Vermelho (CV), acusada de controle territorial, tráfico de drogas, uso de armas pesadas, inclusive drones para lançar explosivos. O governador Cláudio Castro rotulou o cenário como “guerra”, acusando que não se tratava mais de crime comum, mas de “narcoterrorismo”. Anadolu Ajansı+2EL PAÍS English+2

O resultado: números e impactos brutais

Os dados preliminares apontam pelo menos 64 pessoas mortas, entre elas quatro policiais, na ação. AP News+2The Washington Post+2 Aproximadamente 81 presos, apreensão de dezenas de fuzis (algumas notícias falam em mais de 90 armas) e grande volume de drogas confiscadas. People.com+2BNO News+2

Mas o que preocupa – e muito – é que entre essas mortes estão civis inocentes, moradores das comunidades que não tinham vínculo com o crime organizado, conforme alertam entidades de direitos humanos. The Washington Post+2AP News+2 A atuação se deu em áreas densamente povoadas, com escolas fechadas, transporte público interrompido, hospitais em alerta e habitantes aterrorizados. EL PAÍS English+1

A postura do governador e o problema estrutural

Cláudio Castro, ao anunciar a operação, posicionou-se de forma firme: “não vamos recuar”, “vamos dar um golpe duro no crime”, “Rio está em guerra”. Contudo, ao mesmo tempo, a ação foi considerada por muitos como precipitada e desastrosa, sobretudo por não garantir salvaguardas para a população mais vulnerável.

Há vozes críticas dizendo que a estratégia privilegia a letalidade, e não o direito à vida ou a reconstrução de políticas de segurança com foco em prevenção, cidadania e justiça social. O estado de direito se vê tensionado quando operações desse tipo ocorrem em territórios pobres, predominantemente negros, e com pouca transparência sobre quem são exatamente os mortos.

Por que muitos apontam uma “matança”

  • O rótulo de “maior da história” para uma ação policial já indica escala extrema. MercoPress+1

  • A morte de civis – pessoas que não têm ligação conhecida com as facções – transforma o evento de ação policial para massacre, segundo organizações como a Human Rights Watch. The Washington Post

  • A militarização exacerbada (blindados, drones, artilharia urbana) em comunidades vulneráveis amplifica os riscos e danos colaterais.

  • A falta de transparência imediata dos dados (quem eram as vítimas, quantas eram civis, quantas eram disputas de poder interno) alimenta suspeitas de que o foco tenha sido “letalidade” antes de “justiça”.

  • Há ainda o contexto de que a ação ocurreu às vésperas de grandes eventos internacionais na cidade, o que pode sugerir motivação política para demonstrar “resultado” rápido de segurança. The Guardian+1

Implicações e perguntas que ficam no ar

  • A capacidade de polícia sozinha resolver o problema estrutural das facções, da desigualdade e da ausência de Estado em favelas continua sendo, claramente, falha.

  • Em quantos episódios semelhantes civis foram mortos? Qual será a responsabilização?

  • A quem interessa esse tipo de operação? A quem beneficia — o Estado, a segurança pública, ou o espetáculo de segurança para a mídia?

  • Qual o impacto para os moradores dessas comunidades – tanto imediato (vítimas, feridos, deslocados) como de longo prazo (trauma coletivo, instabilidade)?

  • Como transformar a política de segurança em algo que não seja apenas confrontação armada, mas que inclua reinserção social, emprego, educação, saúde — sobretudo em regiões historicamente abandonadas?

  • E, finalmente, qual será o legado para o governador que tomou a decisão — e para o Estado do Rio de Janeiro?


Conclusão

Estamos diante de um capítulo grave da história da segurança pública no Brasil: uma operação gigante, anunciada com pompa, com objetivo declarado de “resgatar o Estado” em territórios dominados por facções, mas que, na execução, provocou mortes massivas, impactos profundos sobre a população civil e repercussões em termos de direitos humanos, políticas públicas e legitimidade do Estado.

O governador Cláudio Castro assumiu o papel de quem “resolve” com força bruta, mas a conta desse tipo de política recai, muitas vezes, sobre quem menos tem — moradores dos complexos de favelas, famílias pobres, comunidades vulneráveis. Se for para narrar no seu programa ou para publicação, podemos dividir com blocos: contexto + operação + vítimas + análise de responsabilidade + implicações políticas + propostas de saída.

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