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Lauro de Freitas enfrenta os desafios da poluição sonora no primeiro semestre de 2025, afirma pesquisa

 Lauro de Freitas enfrenta os desafios da poluição sonora no primeiro semestre de 2025, afirma pesquisa

Foto: Divulgação/ Prefeitura de Lauro de Freitas

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Um levantamento recente, realizado entre janeiro e junho de 2025, revelou os períodos e locais com maior incidência de denúncias por poluição sonora em Lauro de Freitas. Os dados foram coletados por meio de um formulário eletrônico e apontam o crescente incômodo causado por ruídos excessivos na cidade, especialmente vindos de festas clandestinas, bares e aparelhos de som em vias públicas.

O barulho em excesso tem se tornado um dos principais problemas urbanos, trazendo impactos diretos à saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição contínua à poluição sonora pode causar distúrbios do sono, estresse, irritabilidade, dificuldades de concentração e até doenças cardiovasculares. Animais domésticos, como cães e gatos, também são afetados, e denúncias sobre isso têm sido registradas por organizações de proteção animal.

O Movimento Chega de Poluição Sonora, que atua na defesa do direito ao sossego e bem-estar da população, reforça a importância do uso dos canais institucionais. “Recomendamos que as vítimas não se exponham e evitem contato direto com os autores das perturbações. Ao optar pela denúncia, a orientação é que o façam de maneira anônima, utilizando exclusivamente os canais oficiais de denúncia, os quais devem ser amplamente divulgados pelos órgãos públicos responsáveis.”, ressalta Hendrik Aquino, coordenador do Movimento.

Dados e metodologia
A análise considerou 88 registros de ruídos excessivos, levando em conta data, horário, local e tipo de som, além de relatos de voluntários sobre os efeitos causados pelas ocorrências. Como não há dados oficiais disponíveis no portal ou diário oficial da Prefeitura, o levantamento – realizado pelo Movimento Chega de Poluição Sonora – pode ser uma importante ferramenta para pesquisadores, gestores públicos, ONGs e cidadãos interessados no tema.

Quando o barulho é mais frequente
Entre os dias 19 de janeiro e 24 de junho de 2025, 76,13% das denúncias foram feitas entre sexta e segunda-feira. O domingo lidera o ranking com 36,36% dos casos. Já de terça a quinta-feira, o índice caiu para 23,83%.

Quanto aos horários, os períodos foram divididos em quatro faixas:

  • Das 1h às 6h59: 3,4% das denúncias
  • Das 7h às 12h59: 18,1%
  • Das 13h às 18h59: 31,8%
  • Das 19h às 0h59: 46,6%

Quase metade das ocorrências foram registradas durante a noite, após as 19h.

Bairros com mais registros
Os dados foram organizados com base nos 19 bairros oficialmente reconhecidos pela Prefeitura, embora os relatos sigam a lógica de identificação territorial declarada pelos moradores, o que pode gerar pequenas divergências em relação aos limites oficiais definidos pela Lei Municipal nº 1.596/2015.

Os bairros com maior número de denúncias foram:

  • Itinga: 19 registros (21,59%)
  • Vila Praiana: 17 registros (19,32%)
  • Ipitanga: 13 registros (14,77%)
  • Vida Nova: 9 registros (10,23%)
  • Centro: 8 registros (9,09%)
  • Vilas do Atlântico: 7 registros (7,95%)
  • Portão: 4 registros (4,55%)
  • Buraquinho: 3 registros (3,41%)
  • Quingoma: 2 registros (2,27%)

Já os bairros de Aracuí, Caji, Capelão, Parque São Paulo, Pitangueiras e Recreio Ipitanga registraram uma ocorrência cada (1,14%). Em Areia Branca, Barro Duro, Caixa D’Água e Jambeiro não houve registros.

Vozes dos moradores
Mais de 90% dos participantes preencheram o campo de comentários no formulário, relatando os efeitos da poluição sonora em suas rotinas. Muitos relatos destacam a fragilidade física e emocional de moradores idosos e doentes.

“Moro na residência há 45 anos! Minha avó tem 86 anos de idade e desde que nasceu reside na mesma casa e agora na idade avança não tem sossego com tanta ‘‘zuada’’. Hoje reside, ela e o marido, um senhor de 84 anos com problema de coração e ela depressiva…” (L.P.)

“…Tem um mal-educado, que não respeita nem criança e muito menos doentes e idosos liga o som tão alto que não tem como escutar a tv, não consigo estudar, ouvir o telefone… …tive que dormir na casa do meu irmão porquê não havia condições de dormir… …eu tenho que pagar minha filha deficiente e sair da cidade…” (V.V.)

“…Tenho 80 anos, estou doente, moro a 650 metros da origem do som que está incrivelmente alto desde as 16 horas incomodando demais. Agora são 22:17 e o som alto continua.” (A.J.D.F.)

As iniciais foram usadas para preservar a identidade dos autores dos depoimentos. Os comentários revelam não só o incômodo físico e psicológico causado pelo barulho, como também a frustração diante da ausência de resposta por parte das autoridades.

Ações e perspectivas
O Movimento Chega de Poluição Sonora já protocolou dois relatórios junto à Prefeitura de Lauro de Freitas, um em janeiro e outro em março deste ano, apresentando os dados levantados até aqueles períodos.

Hendrik Aquino, especialista em planejamento urbano e ativista na causa, alerta para as consequências do problema:

“Seguimos ampliando o nosso trabalho e acreditando que representamos uma parcela significativa da sociedade que ainda não tem recebido a devida atenção por parte dos poderes públicos. A poluição sonora tem se desdobrado em diversos outros problemas que, além de prejudicar a saúde, impactam negativamente no desempenho de estudantes, de trabalhadores e, consequentemente, no desenvolvimento das cidades e regiões”, alerta.

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