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Documentário “A Jẹun Bó” chega a Salvador para homenagear a Culinária Sagrada do Candomblé

 Documentário “A Jẹun Bó” chega a Salvador para homenagear a Culinária Sagrada do Candomblé

Foto: Divulgação

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O documentário “A Jẹun Bó”, protagonizado pelo babalorixá e antropólogo Rodney William e dirigido pela jornalista Camila Silva Wòkè Mí, será exibido em Salvador no dia 20 de agosto, às 18h30, na Sala de Arte CineMAM, localizada no Museu de Arte Moderna da Bahia. A sessão será aberta ao público e com entrada gratuita.

A produção acompanha, pela primeira vez, mais de dois anos de registros da culinária e das celebrações do Candomblé, marcando a estreia de Camila Silva Wòkè Mí – ex-repórter da Globo e GloboNews – no cinema independente. O filme traz uma abordagem intimista, fruto do olhar da diretora, que também é yawô, conduzido pelo Pai Rodney William e ambientado no terreiro Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá.

No média-metragem, o público é convidado a mergulhar em um banquete ancestral repleto de axé, que vai desde a escolha dos ingredientes até a preparação das receitas sagradas preservadas ao longo das gerações. A narrativa mostra a rotina ao redor do fogão, os pratos ligados a cada orixá, as festas e as oferendas ritualísticas, reforçando a importância da cozinha como elemento central dentro de uma casa de Candomblé.

“A Jẹun Bó é para quem é de axé e para quem quer conhecer um terreiro. Através do olhar sensível, responsável e didático do Pai Rodney, fizemos um registro histórico do nosso dia a dia. A ideia é representar nossa comunidade e, ao mesmo tempo, desmistificar e combater o racismo religioso por meio da informação e da educação. Queremos humanizar e registrar o que for possível das religiões de matriz africana, tradicionalmente transmitidas de forma oral, oferecendo uma perspectiva tangível dessas práticas”, explica Camila.

A equipe responsável pelo documentário é formada, em sua maioria, por pessoas negras e praticantes de religiões de matriz africana. Além de dirigir, Camila também assina a produção executiva, direção de arte, roteiro e fotografia. O projeto contou com a parceria da produtora Dois Neguin, que assumiu a fotografia, e reuniu profissionais como Swami Pimentel (montagem e finalização), Bruno Hatanaka (arte e design) e os músicos Gabriel Farias e Nando Omoronum (trilha sonora). O babalorixá Rodney William atuou como consultor, além de protagonizar entrevistas ao lado de Tatiana Paula, yawô iniciada para Oxum há cinco anos e responsável pelo preparo de refeições rituais no terreiro.

A ideia do filme surgiu durante a pandemia, quando Camila completou um ano de iniciada no Candomblé e preparou um grande banquete para os orixás. O momento mais marcante, segundo ela, foi ao cozinhar o amalá de Xangô, experiência que a motivou a registrar e compartilhar essas práticas. Em 2023, ao documentar pela primeira vez uma festa de Olubajé, percebeu que o projeto poderia ganhar maior profundidade. Pouco depois, o trabalho ganhou forma com o apoio da Lei Paulo Gustavo, por meio da Prefeitura de Santos/SP.

Após a sessão em Salvador, haverá uma roda de conversa com o Pai Rodney William de Oxóssi, a diretora Camila Silva Wòkè Mí e Tatiana Paula, aprofundando o debate sobre a importância cultural e religiosa da culinária no Candomblé. Além da exibição no MAM, o documentário terá lançamento oficial no Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá, em Mairiporã/SP (25/08), e seguirá para outras cidades como Goiás (17/09) e Rio de Janeiro (22/09), entre outras datas previstas.

Sobre Pai Rodney

Rodney William Eugenio é babalorixá do Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá. Conhecido também como Pai Rodney de Oxóssi, é antropólogo e doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Mestre em Gerontologia, atua em pesquisas sobre Candomblé, memória, senioridade e apropriação cultural. É autor de obras como A Benção aos Mais Velhos: Poder e Senioridade nos Terreiros de Candomblé e Apropriação Cultural e Axé – o poder das palavras. Em 2019, foi reconhecido pelo MIPAD/ONU como uma das 100 pessoas negras mais influentes do mundo.

Sobre Camila Silva Wòkè Mí

Camila Silva é jornalista, cineasta, escritora e fundadora da Wokemi Produções. Mulher negra, filha de Oxum e Oyá, é formada em Cinema pelo Instituto de Cinema de São Paulo, com especialização em Direção de Arte. Também é graduada em Jornalismo pela PUC-Rio, onde fez pós-graduação em Ajuda Humanitária e Desenvolvimento. Tem mais de 14 anos de experiência profissional, com passagens pela GloboNews, Rede Globo, Nexo Jornal, Carta Capital e ONGs como Chicas Poderosas. Atualmente desenvolve outros projetos, como Voy Sola (documentário sobre mulheres que viajam sozinhas) e The Tap (curta sobre saneamento básico na África do Sul).

Sobre Tatiana Paula

Iniciada no Candomblé há cinco anos, Tatiana Paula é yawô de Oxum. Já passou pela Umbanda e hoje concilia sua vida religiosa com a maternidade e o trabalho como artesã de joias e semijoias inspiradas nos orixás. Para ela, a cozinha de um terreiro é o espaço onde muitos dos segredos da tradição são guardados e transmitidos.

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