Debates sobre mobilidade urbana, segurança no trânsito e saúde do trabalhador destacam o 13º CBTV e o 9º Congresso Internacional
Foto: Scila Brito
O segundo dia do 13º Congresso Brasileiro de Trânsito e Vida (CBTV) e do 9º Congresso Internacional de Trânsito e Vida (CITV) foi conduzido pela presidente da Associação Brasileira dos Advogados de Trânsito (ABATRAN), Rochane Ponzi. Logo na abertura, ela solicitou uma salva de palmas para todas as mulheres que atuam no setor de mobilidade urbana. O painel contou com a participação da epidemiologista e pós-doutora em Enfermagem, Débora Moura, e da doutora em Transportes pela Universidade de Brasília (UnB) e mestra em Ciências da Saúde, Adriana Modesto.
Durante sua fala, Rochane Ponzi destacou o papel fundamental das mulheres em diferentes áreas relacionadas à mobilidade urbana. Segundo ela, “o currículo de nossas palestrantes falam por si só. Temos mestras, doutoras e pós-doutoras e isso prova que a força feminina é tão importante no trânsito e faz tanta diferença não apenas como condutoras. Mas como condutoras, as mulheres são muito mais diligentes e cuidadosas do que os homens e os números mostram isso e também porque somos tão capazes quanto os homens se tratando de um ambiente majoritariamente masculino”, afirmou.
A presidente da ABATRAN também ressaltou a relevância dos temas discutidos no Congresso. “É mais do que uma honra estar aqui a convite do Mário Conceição, representando um papel importantíssimo, representando as mulheres do trânsito, dando uma contribuição importante no sentido de dizer o que tem que ser feito e que a gente pode trazer dados técnicos, científicos e não apenas tomar decisões políticas que muitas vezes não atingem a finalidade que o Código de Trânsito nos obriga que é preservar a vida humana”, completou Ponzi.
A epidemiologista Débora Regina de Oliveira Moura, com 15 anos de experiência na área, reforçou a presença da enfermagem nas discussões sobre mobilidade e segurança viária. “Enfermeiras também falam de trânsito”, afirmou, ao lembrar que essas profissionais estão frequentemente na linha de frente do atendimento a vítimas de acidentes.
Para ela, participar do evento foi uma oportunidade de ampliar o diálogo sobre o tema. “É uma satisfação e uma oportunidade para fazermos uma interlocução e discussão desse evento que é tão importante. Todos nós fazemos parte do trânsito, desde o pedestre, o motociclista, o carro. Todos queremos viver com segurança, é bem importante falar disso para sabermos da realidade do Brasil de modo geral e não somente do local onde estamos inseridos”, disse Débora Moura.
A doutora Adriana Modesto destacou a diferença entre necessidade e demanda e chamou atenção para a importância da participação social nos debates sobre mobilidade. “Então eu tenho que chegar lá em Pau da Lima ou em outros bairros mais distantes para que as pessoas sejam ouvidas e muitas vezes a gente precisa de espaços de participação social mais organizados de forma que não sejam só para ‘inglês ver’”, afirmou.
Segundo Modesto, as desigualdades sociais estão diretamente ligadas ao trânsito. “Por isso que eu sempre falo de interseccionalidades. Por exemplo, se é uma mulher, se é uma mulher negra, se é mulher periférica, se é motociclista que utiliza sua moto para origem e destino ou se é entregador vinculado às plataformas que tem uma condição de trabalho precarizada e experimenta uma dupla carga de vulnerabilidade. Ainda fazendo referência aos entregadores, são dez a doze horas com relações de trabalho esgarçadas, se ele sofre um sinistro ele fica sujeito à sua própria sorte.”
Ela também ressaltou que as políticas públicas voltadas ao transporte são fundamentais para a promoção da saúde coletiva. “A gente precisa contextualizar, por isso é importante falar das três políticas públicas: planejamento urbano, planejamento de transportes e de circulação para entender quais são os tipos de necessidades”, concluiu.