Campanha Novembro Azul destaca a importância da saúde integral masculina e chama atenção para riscos à fertilidade
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Cuidar da própria saúde ainda é um desafio para muitos homens. Pesquisas indicam que eles recorrem aos serviços médicos com menor frequência do que as mulheres e, em geral, só procuram ajuda quando já apresentam sintomas. Esse comportamento contribui para diagnósticos tardios de diversas doenças e reforça a importância de ampliar o diálogo sobre prevenção, autocuidado e qualidade de vida. Nesse contexto, o mês de novembro ganha destaque com a campanha Novembro Azul, voltada à conscientização sobre a saúde masculina, especialmente na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. Criada na Austrália em 2003 e difundida mundialmente, a iniciativa busca incentivar hábitos de cuidado contínuo e derrubar barreiras culturais que ainda afastam os homens dos consultórios médicos.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens no Brasil – excluindo os tumores de pele não melanoma -, com uma taxa de 67,86 diagnósticos a cada 100 mil homens. A estimativa é que, apenas em 2025, o país registre mais de 72 mil novos casos, o que reforça a necessidade de conscientização e prevenção. Embora o foco da campanha seja o diagnóstico precoce, especialistas defendem que a discussão também deve englobar a saúde reprodutiva masculina, uma vez que tanto a doença quanto seus tratamentos — como cirurgia, quimioterapia e radioterapia – podem afetar a fertilidade.
Tratamentos oncológicos podem interferir na produção de espermatozoides ou causar alterações genéticas no DNA espermático, reduzindo as chances de concepção natural. Já a cirurgia de retirada da próstata pode comprometer o processo de ejaculação. Nesse contexto, uma medida importante é o congelamento de espermatozoides antes do início do tratamento.
“A criopreservação é uma estratégia fundamental para homens que precisam iniciar tratamentos contra o câncer. Ao congelar os espermatozoides antes da quimioterapia ou radioterapia, eles preservam a chance de realizar o sonho da paternidade no futuro, sem comprometer a eficácia do tratamento”, destaca a médica especialista em reprodução assistida do IVI Salvador, Dra. Graziele Reis.
Com o sêmen congelado, o paciente pode focar no tratamento e na recuperação com a segurança de manter seu potencial reprodutivo. O material preserva as mesmas características do momento da criopreservação, podendo ser utilizado anos depois sem perda de qualidade. Em relacionamentos heteroafetivos, o sêmen pode ser usado em técnicas como injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) ou fertilização in vitro (FIV). Já em uniões homoafetivas, é possível recorrer ao material junto a óvulos doados e barriga solidária, conforme as normas do Conselho Federal de Medicina.
Assim, o Novembro Azul vai além do câncer de próstata: é um chamado para que os homens cuidem de sua saúde integral, incluindo aspectos sexuais e reprodutivos, por meio do acompanhamento médico regular e de atitudes preventivas. Quebrar tabus, buscar informação e agir precocemente pode não apenas salvar vidas, mas também preservar sonhos.