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Agosto Branco: exame ajuda a detectar câncer de pulmão ainda no início

 Agosto Branco: exame ajuda a detectar câncer de pulmão ainda no início

Foto: Freepik

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Com o avanço da medicina, os tratamentos para o câncer de pulmão têm se tornado mais eficazes, mas a doença ainda é a que mais mata no mundo. Segundo o Global Cancer Observatory, são cerca de 1,8 milhão de mortes por ano causadas por esse tipo de tumor. Durante o Agosto Branco – mês dedicado à conscientização e combate ao câncer de pulmão – reforça-se a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, especialmente diante do tabagismo, principal fator de risco. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar mais de 32 mil novos casos da doença em 2025. No Nordeste, a previsão é de mais de 6.500 diagnósticos, sendo 1.360 apenas na Bahia.

Para Clarissa Mathias, oncologista reconhecida internacionalmente e líder do Cancer Center HSI Oncoclínicas, a conscientização é um dos principais desafios no enfrentamento da doença, principalmente entre o público de risco, como fumantes, ex-fumantes e fumantes passivos. Segundo ela, o uso da Tomografia Computadorizada de Baixa Dose (TCBD) é uma ferramenta essencial na detecção precoce de lesões pulmonares, quando as chances de cura superam os 90%. “Trata-se de um exame rápido, não invasivo e com baixa radiação”, explica.

“O rastreamento do câncer de pulmão, através de exames de imagem e biópsia, é indicado para indivíduos com mais de 50 anos que tenham alto risco para a neoplasia, inclusive para pessoas assintomáticas, pois o objetivo é permitir a detecção de lesões inicias, antes de qualquer manifestação da doença, ou seja, quando a chance de sucesso do tratamento é alta”, esclarece Clarissa Mathias. “Quem tem entre 50 e 80 anos e é fumante ou fumou por muitos anos ou mesmo quem parou de fumar há menos de 15 anos deve conversar com seu médico sobre a necessidade de fazer o exame”, recomenda a especialista.

Fique atento aos sinais

Sintomas como tosse seca e persistente (ou com sangue), rouquidão, falta de apetite e dificuldades respiratórias podem estar ligados ao câncer de pulmão. “Por serem frequentemente confundidos com problemas respiratórios, esses sinais costumam ser negligenciados. O fato de não serem investigados e tratados adequadamente acaba levando ao diagnóstico tardio do câncer de pulmão em grande parte dos casos”, explica a oncologista Larissa Moura, da Oncoclínicas.

A oncologista Hamanda Nery, também da Oncoclínicas, reforça a importância do diagnóstico precoce: “Além de possibilitar um tratamento menos invasivo e com menos efeitos colaterais, a detecção precoce da doença aumenta a chance de cura e a sobrevida do paciente.”

Segundo Julia de Castro de Souza, oncologista da rede, qualquer alteração persistente na voz ou uma tosse constante em fumantes ou ex-fumantes merece atenção médica. “Se o indivíduo é fumante ou ex-fumante e começa a apresentar uma rouquidão ou tosse persistente não significa que ele tem um câncer de pulmão, mas isso precisa ser investigado por um médico”, orienta. Ela reforça: “O diagnóstico em estágio inicial permite que o câncer de pulmão tenha 90% de chance de cura”.

Tabagismo ainda é o maior vilão

Apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável no mundo, o cigarro está associado a 14 tipos de câncer. Apesar disso, o Brasil é reconhecido mundialmente pelos avanços no controle do tabagismo: com políticas públicas eficazes, o consumo de cigarro foi reduzido em 35%, segundo a OMS, e hoje a taxa de fumantes é inferior a 10% da população. No entanto, o crescimento do uso de cigarros eletrônicos ameaça esse progresso. “A melhor forma de prevenção do câncer de pulmão é não fumar. Além de ser associado a vários tipos de neoplasias, o cigarro ainda causa outros problemas de saúde e coloca em risco também o fumante passivo”, afirma o oncologista Filipe Visani, da Oncoclínicas.

Para a oncologista Clara Santana Peixoto, também da Oncoclínicas, o combate ao tabagismo e o diagnóstico precoce são fundamentais: “O combate ao tabagismo, responsável por 80 a 90% dos casos de câncer de pulmão, e o acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos mais eficazes são os pilares na luta contra a doença”.

Um levantamento feito pelo INCA e publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva mostra que o uso de cigarros eletrônicos aumenta em média 3,5 vezes a chance de experimentar o cigarro convencional, e mais de quatro vezes a de iniciar o hábito de fumar regularmente. “Muitas pessoas começam com o cigarro eletrônico e depois migram para o convencional, que é muito mais barato e acessível, já que o vape é proibido no país. Em alguns casos, a pessoa passa até mesmo a usar os dois”, alerta Clarissa Mathias.

Tratamentos mais modernos e menos invasivos

O tratamento do câncer de pulmão conta hoje com um conjunto de opções mais modernas, que incluem cirurgia, terapias sistêmicas (quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo) e radioterapia. Segundo a oncologista Carolina Rocha Silva, da Oncoclínicas, os avanços na cirurgia minimamente invasiva permitem uma recuperação mais rápida. “Hoje já é possível realizar a cirurgia para remoção do tumor com menos tempo de internação graças aos avanços das cirurgias minimamente invasivas, que permitem que o paciente consiga retornar mais rapidamente às suas atividades”, afirma.

A quimioterapia pode ser recomendada após a cirurgia para eliminar possíveis células tumorais restantes no organismo. Em alguns casos, utiliza-se também a terapia-alvo, que representa um avanço significativo na oncologia por agir diretamente nas células doentes, sem afetar as saudáveis.

A combinação entre tratamento sistêmico e radioterapia pode ser feita antes da cirurgia, para reduzir o tumor, ou como tratamento principal nos casos em que a cirurgia não é viável. A radioterapia, isoladamente, também pode ser usada para controlar sintomas como dor e falta de ar.

Entre os principais avanços científicos no combate ao câncer de pulmão, destacam-se a imunoterapia e as terapias-alvo, que oferecem uma abordagem personalizada, de acordo com as características genéticas do tumor. Essas técnicas têm menos efeitos colaterais do que os métodos tradicionais e têm transformado a vida dos pacientes, garantindo mais qualidade e aumentando a sobrevida. “Nas terapias-alvo, os medicamentos atingem apenas as células cancerígenas, preservando as saudáveis. Já a imunoterapia ativa o sistema imunológico através de uma combinação de medicamentos biológicos para lutar contra o tumor. São drogas que estimulam a imunidade a reconhecer e eliminar as células cancerígenas”, finaliza Clarissa Mathias.

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